Por que o cristão não deve acreditar
na reencarnação?
Os cristãos fundamentam sua fé nos
ensinamentos da Bíblia, que não inclui a doutrina da reencarnação. Há vários
argumentos baseados na doutrina cristã que explicam por que os cristãos não
devem adotar a crença na reencarnação.
A Bíblia não apresenta a reencarnação
como um conceito. Pelo contrário, em Hebreus 9:27, está escrito: "E,
como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o
juízo". Este versículo sugere que a morte é uma experiência única para
cada indivíduo, não um ciclo contínuo de reencarnações.
A crença cristã central é a
ressurreição, não a reencarnação. A ressurreição é a esperança cristã de um
novo corpo glorificado após a morte, conforme descrito em 1 Coríntios 15. A
ideia é que, ao final dos tempos, os mortos ressuscitarão para enfrentar o
julgamento divino.
O cristianismo ensina que a salvação
é alcançada por meio da fé em Jesus Cristo e do arrependimento dos pecados. A
reencarnação, por outro lado, sugere que podemos alcançar a redenção por meio
de múltiplas vidas. Essa perspectiva entra em conflito com a crença cristã na
singularidade da obra redentora de Cristo na cruz, pois tira de Jesus o poder
da Salvação, e dá esse poder ao próprio homem, tornando nulo o sacrifício de
Jesus. A crença na reencarnação também entra em conflito com a bíblia no
tocante à salvação por mérito próprio ou por meio de obras. De acordo com a
bíblia, a salvação não é alcançada pelas obras e nem por mérito, mas é um dom
de Deus:
“Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não
vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie.” Efésios 2:8,9
A Bíblia enfatiza a importância e a
singularidade da vida presente. Cada vida é vista como uma oportunidade única
para buscar a Deus, experimentar a graça divina e cumprir um propósito
específico. A reencarnação, ao sugerir ciclos repetidos de vida, pode diminuir
a importância dada a cada existência individual.
A doutrina da reencarnação muitas vezes
está associada à ideia de karma, onde as ações passadas afetam vidas futuras.
No cristianismo, a soberania de Deus é enfatizada, indicando que Ele é o juiz
final e determina o destino eterno de cada indivíduo.
Passagens bíblicas citadas pelos
espíritas para dar base bíblica para a doutrina da reencarnação
Mesmo que muitos espíritas neguem
grande parte da Bíblia e critiquem constantemente o Livro Sagrado, eles
ocasionalmente citam versículos para fornecer uma suposta "base
bíblica" para a crença na reencarnação. Vamos analisar alguns deles:
Mateus 17:10-13
Após a transfiguração, os discípulos
perguntam a Jesus sobre a profecia de Elias, e Jesus responde que Elias já
veio, mas eles não o reconheceram. Os espíritas interpretam isso como uma
sugestão de que João Batista era a reencarnação de Elias.
Além disso, os espíritas
frequentemente alegam que, como Elias ordenou a degola dos sacerdotes de Baal,
João Batista, considerado sua reencarnação, também foi decapitado, argumentando
que isso seria resultado da lei cármica de causa e efeito.
Entretanto, de acordo com a Bíblia,
Elias não morreu, mas foi arrebatado vivo (2 Reis 2:11). Portanto, Elias não se
alinha com as etapas do processo de reencarnação, que incluem morrer e depois
renascer em um novo corpo. Dizer que um homem que não experimentou a morte foi
reencarnado é algo contraditório.
Durante a transfiguração de Jesus,
Moisés e Elias tiveram uma conversa com Ele (Mateus 17:3). Entretanto, se Elias
já tivesse reencarnado, como poderia aparecer para Jesus novamente como Elias?
Não seria mais apropriado que João Batista, a última encarnação desse espírito,
estivesse presente em vez de Elias? Poderia isso ter sido um truque astuto para
enganar os discípulos que testemunharam a transfiguração? Obviamente, não.
Jesus não estava ensinando que João
Batista fosse literalmente Elias, mas apenas que ele veio “no espírito e
virtude de Elias” (Lucas 1.17), com o fim de dar continuidade ao ministério
profético de Elias. Isso não significa que Elias reencarnou como João Batista.
O próprio João Batista disse que ele não era Elias. (João 1:21)
Gálatas 6:7
"Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que
o homem semear, isso também ceifará."
Alguns espíritas interpretam este
versículo como uma referência ao conceito de karma, sugerindo que as ações em
uma vida afetarão a próxima.
Gálatas 6:7 enfatiza a ideia de que
as escolhas e ações de uma pessoa têm consequências, e essas consequências
estão sujeitas à lei de semeadura e colheita. A metáfora da semeadura e
colheita ilustra a ideia de que as ações de uma pessoa são como sementes
plantadas. Assim como uma semente plantada resulta na colheita de uma planta
específica, as ações de uma pessoa determinarão as consequências que ela
experimentará. Se uma pessoa pratica o bem, colherá benefícios positivos; se pratica
o mal, enfrentará consequências negativas.
Entretanto, nada nessa passagem
indica que a “colheita” ou “consequência por suas ações” virá em outra vida. A
passagem diz apenas que colheremos aquilo que estamos a plantar, mas não diz
quando. Os espíritas estão enxergando
algo que não existe nessa passagem.
Jó 1:21
"Nu saí do ventre de minha mãe e nu voltarei; o Senhor o
deu, o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor!"
Este versículo é frequentemente usado
para argumentar que a alma já existia antes do nascimento e continua após a
morte. Jó declara que saiu nu do ventre de sua mãe, e voltará ao ventre dela da
mesma forma. Como poderia alguém voltar para o ventre da mãe a não ser por meio
da reencarnação? Os espíritas poderão argumentar.
Norman Geisler argumenta que Jó não
está se referindo ao retomo da alma a outro corpo com a finalidade de viver
novamente, mas do retomo à sepultura. O termo hebraico utilizado para ventre (בֶּטֶן) é usado referindo-se à terra. As
ideias de terra e ventre são utilizadas no Salmos 139 referindo-se ao fato de
Deus nos ter criado: Entreteceste-me no ventre da minha mãe, nas profundezas da
terra (vv. 13,15). Insistir na compreensão literal desse texto, não provaria a
reencarnação. Apenas poderia mostrar que uma pessoa retorna ao ventre de sua
própria mãe após a sua morte, o que é um absurdo (MANUAL POPULAR de Dúvidas,
Enigmas e “Contradições” da Bíblia. Norman Geisler – Thomas Howe).
João 3:3
“Jesus respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo
que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.”
O que Jesus quis dizer com “nascer de
novo”? Muitos espíritas entendem que Jesus estava se referindo à reencarnação.
Allan Kardec reforçou essa ideia em seus livros.
Essa passagem bíblica nos fala sobre
a visita que um fariseu chamado Nicodemos fez a Jesus. Logo de cara, Jesus
deixa claro para Nicodemos que para entrar no Reino de Deus, a pessoa precisa
experimentar um renascimento.
Nicodemos entendeu aquilo de forma
literal, assim como os espíritas estão entendendo, e achou a ideia absurda:
“Nicodemos perguntou: —Como é que um homem velho pode nascer
de novo? Será que ele pode voltar para a barriga da sua mãe e nascer outra
vez?” (Vers. 4).
Jesus,
percebendo a confusão de Nicodemos, explicou:
“Ninguém pode entrar no Reino de Deus se não nascer da água e
do Espírito.” (Vers. 5).
O termo
grego traduzido como “nascer de novo” foi “ä'-nō-then” que significa
literalmente “nascer do alto” ou “nascer de cima”. Isso significa que esse novo
nascimento é espiritual, ou seja, uma transformação radical operada pelo
Espírito Santo na vida dos redimidos, transformando-os em novas criaturas. Essa
passagem bíblica certamente não está falando sobre reencarnação.
De acordo
com a doutrina espírita, a reencarnação serve como um processo educativo e
evolutivo para as almas. Na reencarnação as almas têm a chance de evoluir,
corrigir falhas e erros passados, fazer ajustes cármicos e aprimorar-se
moralmente. Mas se for assim, essas sucessivas reencarnações não estão
funcionando, pois o ser humano está cada vez pior e moralmente inferior. A
sociedade contemporânea testemunhou uma erosão de valores tradicionais, como
respeito, responsabilidade, solidariedade e ética. O crescimento do
individualismo também está provocando uma diminuição da empatia e solidariedade
comunitária. Ou seja, não estamos vendo essa esperada evolução na humanidade.
Lembrando que essa evolução seria o efeito esperado dessas reencarnações
contínuas.
Esse artigo foi retirado do livro
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