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terça-feira, 30 de setembro de 2014

Como os ateus acham que a bíblia descreve a Terra?

ARGUMENTO: “A bíblia ensina que nosso planeta é circular e achatado como um disco de vinil, sendo envolto por uma abóbada gigante e cercado por um abismo profundo”.


 Para alguns neo-ateus a bíblia descreve nosso planeta dessa forma:

Nosso planeta na interpretação bíblica dos ateus militantes

E o mais bizarro de tudo isso é que eles tentam “provar” suas alegações usando versículos bíblicos que na verdade não estão apoiando o que eles dizem. Esse problema de interpretação ocorre geralmente pela falta de interesse do ateu em pesquisar com um pouco mais de profundidade. Vamos analisar os versículos que eles utilizam:

ABISMO

A palavra “abismo” aparece em diversas passagens da bíblia, sobretudo no Antigo Testamento. Os ateus geralmente citam essas passagens para dizer que a bíblia está falando de um grande “precipício” ao redor do planeta., de forma que se alguém fosse caminhando, poderia chegar no final da Terra, onde haveria um grande abismo.  Um dos versículos mais utilizados é Provérbios 8:27:

“Quando ele preparava os céus, aí estava eu, quando traçava o horizonte sobre a face do abismo”
Provérbios 8:27

A palavra hebraica traduzida em nossas bíblias como “abismo” é tehóhm, e significa literalmente água de profundeza, águas empoladas ou oceano primevo.  Quando aparece na bíblia essa palavra geralmente se refere às profundezas do oceano, e não a um “buraco profundo ao redor do planeta” como imaginam os ateus! O uso da palavra “abismo” para traduzir esse termo hebraico começou através da Septuaginta grega. Algumas traduções bíblicas traduzem esse termo diretamente como OCEANO. Vamos comparar algumas traduções:

“O abismo diz: Ela não está em mim; e o mar diz: Não está comigo.” (Jó 28:14 – Tradução de João Ferreira de Almeida Revista e Atualizada)

O mesmo versículo em outra tradução diz:

“O Oceano afirma: ‘Aqui não está’, e o Mar diz: ‘Aqui também não’." (Jó 28:14 – Tradução Linguagem de Hoje)

Note que o tal “abismo” nada  mais é que o oceano.



Vejamos mais uma passagem:

“Nasci quando ainda não havia abismos, quando não existiam fontes de águas” (Provérbios 8:24 – Tradução Nova Versão Internacional)

Mas em outra tradução:

“Nasci antes dos oceanos quando ainda não havia fontes de água” (Provérbios 8:24 – Linguagem de Hoje).

Acho que não restam dúvidas de que o tal “abismo” bíblico nada mais é que o próprio oceano. Esse “precipício imaginário” dos ateus só existe na cabecinha deles!  Fruto de suas interpretações truncadas.


O PLANETA É ACHATADO E CIRCULAR




Para “provar” que segundo a bíblia a Terra é achatada e circular como um disco de vinil ou um CD, os ateus utilizam alguns versículos do Antigo Testamento. Os versículos mais utilizados são Isaías 40:22 e Jó 26:10.

“Ele é o que está assentado sobre o círculo da terra, cujos moradores são para ele como gafanhotos; é ele o que estende os céus como cortina, e os desenrola como tenda, para neles habitar”
Isaías 40:22

A palavra original hebraica que nesse versículo foi traduzida por “círculo” é ( חוּג) “chug”, algumas vezes transliterada como “hhugh” também. Em algumas versões ela aparece traduzida como “redondeza”. O hilário nesse caso é que essa palavra pode provar exatamente o oposto do que os ateus estão tentando alegar. De acordo com algumas obras de referências tais como o Analytical Hebrew and Chaldee Lexicon (Léxico Analítico Hebraico e Caldeu), de Davidson, a palavra “chug”, traduzida “círculo”, pode também significar “esfera”. Isso tanto é verdade que algumas versões bíblicas, tais como a Versão do Pontifício Instituto Bíblico, de Roma, e a Tradução de João Ferreira de Almeida Revista e Corrigida  traduzem “chug” como “globo” nessa passagem.

O termo "chug" sendo corretamente traduzido como "globo" na versão de João Ferreira de Almeida


Na verdade a Terra é um esferóide oblato, pois é ligeiramente achatada nos pólos. O que também se encaixa no conceito de esfericidade da palavra “chug”.

“Marcou um limite circular sobre a superfície das águas...” (Jó 26:10)

Esse é outro versículo que os ateus militantes adoram citar para “provar” que a bíblia descreve a Terra como um disco achatado. Repare novamente na gravura ateísta abaixo:



Note que esse versículo também aparece na gravura, e uma pequena seta aponta para a extremidade do planeta achatado. Esse desenho descreve bem como os ateus interpretam esse versículo. Para os ateus esse “limite circular” do qual o versículo fala está nas extremidades desse círculo, impedindo que as águas do mar caiam no abismo. Ele funcionaria como um tipo de barragem.
Porém, o versículo é bem claro ao dizer que esse limite está na SUPERFÍCIE das águas, e não nas laterais. Mesmo que a palavra “superfície” apareça no versículo, a vontade de encontrar erros científicos na bíblia é tão grande, que o ateu militante nem vai reparar nela.

ABÓBODA DO CÉU

De acordo com os ateus militantes, a bíblia afirma que existe uma espécie de abóbada sólida envolvendo a Terra. Um tipo de teto em forma de semi-esfera, onde existem buracos de eclusas por onde passam as águas da chuva.

A palavra utilizada atualmente pela bíblia e traduzida como “firmamento” realmente traz a ideia de algo sólido, como uma abóbada mesmo, e nesse ponto os ateus estão certos. Mas não é assim no texto original.
Ao falar sobre a criação da atmosfera, a bíblia usou originalmente a palavra hebraica “raqia”, que significa literalmente “superfície estendida” ou “expansão” (Davidson - 1963, p. DCXCII;. Wilson, sd, página 166).

A palavra "firmamento" foi inserida na bíblia através da Septuaginta (tradução da bíblia hebraica para o grego). A crença cosmológica predominante na época da Septuaginta pode ter influenciado essa tradução equivocada.

O “MOVIMENTO” DO SOL


Nascer do Sol


“O sol se levanta e o sol se põe, e depressa volta ao lugar de onde se levanta.” (Eclesiastes 1:5)

Os ateus militantes utilizam esse versículo para alegar pelo menos duas coisas:

1- Que a bíblia ensina o geocentrismo.
2- Que ao completar sua volta sobre a parte de cima da Terra plana (dia), ele (o Sol) passava rápido por baixo da Terra e voltava novamente para iniciar outro dia.

Essa interpretação dos ateus tem vários problemas. Primeiro que expressões como “o Sol nasce” ou “o Sol se põe” são utilizadas até nos dias de hoje, e bem sabemos que o Sol não se movimenta em torno da Terra. Essa é  uma expressão popular que indica apenas o aparente movimento do Sol conforme parece ao observador humano.
Algumas versões bíblicas dizem que o Sol “se apressa” a voltar ao lugar onde nasce. Isso também é apenas uma forma de expressão que nem aparece em todas as traduções.  Na Tradução de João Ferreira de Almeida Revista e Corrigida, por exemplo, esse versículo foi traduzido da seguinte forma:

“E nasce o sol, e põe-se o sol, e volta ao seu lugar, de onde nasceu”

O que o contexto desse versículo está tentando mostrar é que a Terra parece prosseguir no seu caminho predeterminado sem indicar qualquer mudança. Sem contar ainda que os hebreus já tinham noção da duração exata do dia e da noite (12 horas diurnas e 12 horas noturnas), como indica a palavra hebraica “yom” (lit. Dia = espaço de 24 horas, de sol a sol), apesar de que naquele tempo eles preferiam dividir o dia em “vigílias”, ao invés de frações de horas.

Os hebreus sabiam que a duração da noite é a mesma que a do dia, e portanto, a alegação de que o Sol volta “correndo” ao seu ponto inicial não faz o menor sentido. É apenas uma forma de expressão utilizada por algumas traduções bíblicas.

Numa terra plana, como imaginam os ateus, só poderia haver vida na parte superior dela, pois se as águas do mar podiam cair no abismo, as pessoas não poderiam viver na parte de baixo, pois cairiam também. A gravidade nesse caso não existiria.

Porém, a bíblia não só fala sobre a gravidade (Jó 26:7), como também mostra a noção de um planeta esférico onde há dia e noite.

O Senhor Jesus, ao falar sobre o arrebatamento dos escolhidos, diz que esse evento ocorrerá ao mesmo tempo de dia e de noite:

“Naquele dia, quem estiver no telhado de sua casa, não deve descer para apanhar os seus bens dentro de casa. Semelhantemente, quem estiver no campo, não deve voltar atrás por coisa alguma.” (Lucas 17:31)

“Eu lhes digo: Naquela noite duas pessoas estarão numa cama; uma será tirada e a outra deixada” (Lucas 17:34).

Como pode um avento único acontecer durante o dia e durante a noite ao mesmo tempo? Isso seria impossível na Terra plana dos ateus, onde só há vida na parte de cima. Porém, é perfeitamente possível numa Terra esférica.

sábado, 22 de março de 2014

Pedro e João eram analfabetos?

ARGUMENTO: "Alguns discípulos de Jesus eram analfabetos e por isso não podem ter escrito os livros que a eles são atribuídos"




Os neo-ateus que fazem essa afirmação se baseiam em Atos 4:13:

"Então eles, vendo a ousadia de Pedro e João, e informados de que eram homens sem letras e indoutos, maravilharam-se e reconheceram que eles haviam estado com Jesus".
Atos dos Apóstolos 4:13

A palavra grega traduzida como "sem letras" ou "iletrados" nesse versículo foi  "άγράμματοί". Ao usar essa palavra, Lucas, o autor de Atos não está afirmando que Pedro e João eram analfabetos, mas que eles eram homens "comuns", "humildes", "sem muita instrução". Eles não eram eruditos ou doutores da Lei, mas homens do povo.

 Ben Whiterington III é um acadêmico norte-americano e autor de mais de 30 livros de investigações sobre o Jesus histórico. É também professor no Seminário Teológico de Asbury, nos Estados Unidos e no programa de doutoramento na Universidade de St Andrews, na Escócia. Segundo ele, o melhor significado para o termo [άγράμματοί] seria algo como "não treinado na lei judaica". Pedro e João estavam sendo acusados de não terem recebido instrução de rabinos e, portanto, não tinham o direito de citar as Escrituras Hebraicas, como eles estavam citando e interpretando (he Acts of Apostles: A Socio-Rhetorical Commentary (Grand Rapids, MI: Eerdmans, 1988), p. 195-197).

 Russell N. Champlin, Ph.D em línguas clássicas e bacharel em literatura bíblica parece concordar com Ben Whiterington III:

 “A referência especial [...] sem dúvida diz respeito a cultura rabínica, e não a educação elementar dos apóstolos. Pedro não exibia o refinamento de linguagem que um rabino culto geralmente empregava.  [...] Não haviam os apóstolos sido criados aos pés dos doutos, em qualquer das escolas e universidades dos judeus”. (Russell N. Champlin, Ph.D - Novo Testamento, Interpretado Versículo por Versículo). 

Ao contrário do que muita gente pensa, dificilmente existiria um analfabeto entre os judeus daquela época, pois nas sinagogas existiam também escolas, onde os jovens eram instruídos no ensino da Torá.  Aos 13 anos de idade os meninos já estavam aptos a fazer o rito de iniciação chamado Bar Mitzvah. Durante esse rito o menino lia e interpretava uma passagem das Escrituras diante da comunidade.

“Os judeus do primeiro século eram um povo inteligente, com forte senso de apreciação da cultura. [...] Na época do Novo Testamento, muitas famílias possuíam exemplares do Torá, e os pais ensinavam regularmente a seus filhos.[...] A maioria do povo sabia ler não apenas em, sua língua nativa, mas também em grego e latim. [...] Nos dias de Cristo, a escola já era coisa comum, e que o povo não era apenas alfabetizado, mas realizava estudos avançados em filosofia, línguas, matemática e outras disciplinas. [...] Para avaliação da aprendizagem, os alunos tinham que recitar longas passagens das Escrituras com perfeição. É por isso que tanto Jesus quanto outros conheciam tão bem as Escrituras. [...] Embora as Escrituras fossem a base da educação de um israelita, não era absolutamente a única disciplina. Eles estudavam também literatura, escrita, música, matemática, engenharia, direito.”(Coleman, Manual dos Tempos e Costumes Bíblicos, Ed. Betânia).
   
Pedro

Que Pedro era um homem rude e humilde, todo leitor da bíblia sabe. Mas nem por isso podemos dizer que ele era analfabeto. Pedro se identifica como autor de dois livros do Novo Testamento (1Pedro e 2Pedro). O primeiro livro foi escrito com a ajuda de um escriba chamado Silvano (1Pedro 5:12), mas o segundo livro parece ter sido escrito de próprio punho, onde Pedro empregou seu próprio grego galileu singelo.

João

A autoria do livro de Apocalipse é sem dúvida de João. Ele mesmo se identifica algumas vezes como autor. Veja o que Jesus disse a ele:

"Eu, João, que também sou vosso irmão, e companheiro na aflição, e no reino, e paciência de Jesus Cristo, estava na ilha chamada Patmos, por causa da palavra de Deus, e pelo testemunho de Jesus Cristo.
Eu fui arrebatado no Espírito no dia do Senhor, e ouvi detrás de mim uma grande voz, como de trombeta,
Que dizia: Eu sou o Alfa e o Ômega, o primeiro e o derradeiro; e o que vês, escreve-o num livro, e envia-o às sete igrejas que estão na Ásia: a Éfeso, e a Esmirna, e a Pérgamo, e a Tiatira, e a Sardes, e a Filadélfia, e a Laodicéia."
Apocalipse 1:9-11

É óbvio que Jesus não iria mandar João escrever sobre suas visões se o mesmo fosse analfabeto! 

O mesmo se aplica a Jesus. Veja, por exemplo, o que os judeus disseram a respeito dele:

"Os judeus ficaram admirados e perguntaram: "Como foi que este homem adquiriu tanta instrução, sem ter estudado?"
João 7:15

Esse é um caso muito parecido com o dos apóstolos. Jesus falava sobre as Escrituras com uma eloquência e conhecimento incomum para uma pessoa do povo. Por essa razão os judeus se admiravam. A expressão "sem ter estudado" significa que Jesus era analfabeto? De forma alguma! Jesus sabia ler: 

"E, chegando a Nazaré, onde fora criado, entrou num dia de sábado, segundo o seu costume, na sinagoga, e levantou-se para ler".  (Lucas 4:16)

E escrever: 

E, tornando a inclinar-se, escrevia na terra". (João 8: 7 - 8).


O mesmo se aplica aos discípulos. Eles não tinham o mesmo nível de instrução de um rabino, por exemplo, mas nem por isso eram analfabetos.