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sábado, 27 de setembro de 2014

As Leis mosaicas foram baseadas no Código de Hamurabi?

ARGUMENTO: “Moisés plagiou o Código de Hamurabi ao escrever a Torá” 



Com essa afirmação os ateus militantes contestam a autoria divina das Leis mosaicas. Eles alegam que Moisés conhecia o Código de Hamurabi (conjunto de leis criadas na Mesopotâmia) e o utilizou para formular as Leis que aparecem na Torá (primeiros cinco livros da bíblia). Depois Moisés teria mentido aos hebreus dizendo que as Leis tinham sido entregues pelo próprio Deus. 

Os ateus se baseiam em certas semelhanças entre o Código de Hamurabi e as Leis de Moisés. O raciocínio deles é bem simples:


“O Código de Hamurabi é mais antigo que a Torá. O Código de Hamurabi e a Torá possuem pontos em comum. Logo, a Torá é um plágio do Código de Hamurabi”. 

Obviamente  isso não é suficiente para provar que Moisés plagiou Hamurabi, mas os neo-ateus não querem nem saber.

Eu poderia usar o mesmo argumento dessa forma:


"A Constituição dos Estados Unidos tem pontos em comum com a Constituição brasileira. A Constituição dos Estados Unidos é mais antiga que a do Brasil. Portanto a Constituição brasileira certamente foi COPIADA da Constituição dos Estados Unidos "
Isso faz sentido? Evidente que não! Mas é mais ou menos isso o que os neo-ateus estão dizendo no caso da Lei mosaica. 
 É claro que existem algumas semelhanças entre esses dois conjuntos de leis, como, por exemplo, o fato de Hamurabi e Moisés terem adotado a “lei de talião”. A “lei de talião” na verdade é um conceito de aplicação de pena que visa dar ao criminoso uma punição semelhante ao crime que ele cometeu. É o famoso “olho por olho, dente por dente”. Por exemplo: se o criminoso matou, ele deve morrer. Se furou o olho da vítima, deve ter seu olho perfurado também. O castigo deve ser semelhante ao crime. É uma tentativa de estabelecer uma proporção entre o dano que o crime causou e a punição ao criminoso.
Estela contendo o Código de Hamurabi. Hamurabi tinha mandado colocar a pedra em praça pública para que todos pudessem ver.

É normal que em sociedades parecidas (como era o caso dos israelitas e babilônios), as leis também tenham certas semelhanças (isso acontece até nos dias de hoje em várias nações). 

Porém também existem diferenças entre as Leis mosaicas e Hamurábicas:

*   O Código de Hamurabi é formado por 282 leis
*   A Lei mosaica tem 613 leis (mais que o dobro)
*   O Código de Hamurabi é puramente civil
*   A Lei mosaica, além de possuir leis civis, também possui leis religiosas
*   A Lei mosaica também possui um padrão moral muito superior ao do Código de Hamurabi.

A Lei mosaica não fazia distinção de classes sociais na hora do julgamento. Não importa se o cidadão era pobre ou rico – ele seria julgado da mesma forma: 


“Não cometam injustiça num julgamento; não favoreçam os pobres, nem procurem agradar os grandes, mas julguem o seu próximo com justiça” (Levítico 19:15). 

Já o Código de Hamurabi previa penas médias para ricos que prejudicavam os pobres e penas severas para os pobres que prejudicavam os ricos (Seção 196 – 205)

Se porventura alguém abrigasse um escravo foragido, ou o ajudasse em sua fuga, receberia pena de morte, de acordo com o Código de Hamurabi (Seção 15, 16)

A Lei mosaica, por sua vez, dizia que você não era obrigado a devolver o escravo (Deut. 23:15). Isso faz sentido, pois os escravos geralmente fugiam de senhores que os maltratavam. 

Crimes contra a propriedade eram punidos com a morte pelo Código de Hamurabi (Seção 6)

A Lei mosaica fazia com que o ladrão restituísse tudo o que roubou (Êxodo 22: 3)


Conclusão: Como se vê, a Lei mosaica não parece ser uma cópia do Código de Hamurabi, como afirmam os neo-ateus, mas somente um conjunto de leis com alguns pontos em comum ou semelhantes. Existem muitos pontos diferentes também. Em alguns pontos as diferenças são gritantes. Não há absolutamente nenhuma base convincente para sustentar a afirmação dos ateus militantes. O fato de a Lei mosaica também ter adotado a lei de talião não prova que Moisés cometeu plágio, até porque a lei de talião vigorou em muitas legislações remotas, sendo muito comum na Idade Média, inclusive. Será que todas essas legislações plagiaram o Código de Hamurabi? Acho muito improvável! 

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Os 10 mandamentos foram copiados do Livro egípcio dos Mortos?

ARGUMENTO: “Moisés copiou os 10 mandamentos do ‘Livro dos Mortos’ egípcio”

Exemplo do uso do argumento


Os ateus militantes alegam que os 10 mandamentos da Lei mosaica foram "copiados" de um livro egípcio chamado “Livro dos Mortos”. Esse livro tinha a finalidade de ajudar o morto em sua viajem para o outro mundo de acordo com a crença dos egípcios daquela época. Era na verdade um conjunto de orações, feitiços, litanias e hinos escritos em rolos de papiro. Esse livro era deixado junto com o morto para que ele pudesse “utilizá-lo” em sua passagem para o além. O nome original do livro era “Livro de Sair Para a Luz”.




No Livro dos Mortos existe uma lista com 42 confissões negativas feitas para 42 deuses. Os ateus alegam que algumas dessas confissões são muito parecidas com alguns  mandamentos, e assim concluem que os mandamentos bíblicos foram copiados dessa lista. 

Veja a lista abaixo (as confissões marcadas em amarelo são as que os ateus dizem ser idênticas aos mandamentos):

1. Eu não cometi pecados
2. Eu não assaltei
3. Eu não roubei 
4. Eu não agi com violência
5. Eu não matei seres humanos 
6. Eu não roubei oferendas 


 OBS: As confissões 2, 3 , 6 e 22 falam sobre assalto, roubo, roubo de oferendas aos deuses e pilhagens. Os ateus acham que o oitavo mandamento “Não furtarás” (Êxodo 20:15) foi copiado dessas confissões.  A confissão 5 fala sobre "não matar seres humanos", o que para os ateus militantes inspirou o sexto mandamento “Não matarás” (Êxodo 20:13).

7. Eu não causei destruição
8. Eu não pilhei a propriedade divina do templo
9. Eu não cometi falsidade
10. Eu não sequestrei grãos
11. Eu não amaldiçoei 


OBS: a décima primeira confissão é estranhamente associada pelos ateus ao nono mandamento “Não dirás falso testemunho” (Êxodo 20: 16).  Ora! Testemunhar falsamente não é a mesma coisa que amaldiçoar. O nono mandamento protege o nome e a reputação do próximo, proibindo que as pessoas façam falsas declarações a respeito de alguém.  Amaldiçoar é rogar praga. 

12. Eu não transgredi
13. Eu não abati o rebanho divino do templo
14. Eu não fiz o mal
15. Eu não saqueei a terra cultivada 


OBS: a décima quinta confissão foi associada pelos ateus ao décimo mandamento “Não cobiçarás o que é do seu próximo” (Êxodo 20:17). Note que a confissão 15 fala especificamente sobre "furto em plantações", ao passo que o décimo mandamento proíbe cobiçar qualquer coisa que pertença ao próximo. 

16. Eu não agi com luxuria
17. Eu não amaldiçoei ninguém
18. Eu não fiquei irado sem causa justa
19. Eu não dormi com o marido de nenhuma mulher 


OBS: a décima nona confissão foi associada pelos ateus ao sétimo mandamento “Não adulterarás” (Êxodo 20: 14). 

20. Eu não polui a mim mesmo
21. Eu não aterrorizei nenhum homem
22. Eu não pilhei 
23. Eu não agi com raiva
24. Eu não me fiz de surdo ao ouvir palavras de justiça e verdade
25. Eu não aticei brigas 


OBS: a vigésima Quinta confissão também foi associada pelos ateus ao nono mandamento “Não dirás falso testemunho” (Êxodo 20: 16).

26. Eu não fiz ninguém chorar
27. Eu não forniquei 


OBS: a vigésima sétima confissão também foi associada pelos ateus ao sétimo mandamento “Não adulterarás” (Êxodo 20: 14). Se é que a palavra “adultério” diz respeito somente às pessoas casadas, ao passo que a palavra “fornicação” pode ser usada em relação a qualquer pessoa (casada ou não) que porventura pratique sexo apenas para satisfazer os desejos da carne (de forma deliberada). 


28. Eu não destruí meu coração
29. Eu não amaldiçoei ninguém 


OBS: a vigésima nona confissão é uma repetição da confissão 11,  e novamente os ateus associam “amaldiçoar” (rogar praga) com “falso testemunho” (dizer inverdades a respeito de alguém) . Parecem não conhecer a própria língua portuguesa! 

30. Eu não exagerei
31. Eu não realizei julgamentos precipitados 


OBS:  a trigésima primeira confissão também foi associada com o nono mandamento “Não dirás falso testemunho” (Êxodo 20: 16).

32. Eu não cortei a pele e pelos de animais divinos
33. Eu não elevei minha voz em conversas
34. Eu não cometi pecados e não procedi mal
35. Eu não amaldiçoei a realeza
36. Eu não desperdicei água
37. Eu não agi com arrogância
38. Eu não amaldiçoei divindades 


OBS: a trigésima oitava confissão foi associada pelos ateus ao terceiro mandamento “Não pronunciarás em vão o nome de Deus” (Êxodo 20: 7). O terceiro mandamento da Lei mosaica visava impedir que as pessoas usassem o nome de Deus de forma leviana para amaldiçoar outras pessoas, fazer falsas promessas ou blasfemar. A confissão 38 do Livro dos Mortos fala especificamente sobre “amaldiçoar divindades”, e não sobre usar o nome delas de forma vã. 

39. Eu não agi com falso orgulho
40. Eu não agi com desdém
41. Eu não aumentei minhas riquezas exceto por meio de meus próprios recursos 
42. Eu não desprezei o principio de minha cidade

(Livro dos Mortos do Antigo Egito Extratos do Papiro da Real Mãe Nezemt - As Confissões Negativas - Capitulo 25, prancha 5).


Conclusão: Acho que ficou bem claro que a argumentação neo-ateísta nesse caso é uma grande "forçação de barra". Em uma lista com 42 confissões negativas eles encontraram algumas que lembram vagamente alguns mandamentos bíblicos e já saíram por aí dizendo que os 10 mandamentos foram “copiados” dessa lista. Uma afirmação bem inconsistente, por sinal. 

Para esses ateus o fato de o Livro dos Mortos ser mais antigo que o livro de Êxodo, e ainda possuir coisas “que lembram” os mandamentos bíblicos, significa que Moisés “plagiou” a obra egípcia. Eles não possuem nenhuma base sólida para reforçar essa acusação. 

Para começar, o primeiro e o segundo mandamento já entram em conflito com o conceito religioso geral dos egípcios. O primeiro mandamento, por exemplo, condena o politeísmo, mas as confissões no Livro dos Mortos são feitas para 42 deuses! Sem contar ainda que alguns padrões morais dos  mandamentos bíblicos eram comuns em outras civilizações daquela época, e por isso poderiam encontrar um paralelo em qualquer código antigo sem que isso significasse plágio.  Obviamente qualquer conjunto de leis dos povos antigos proibiria coisas como o assassinato ou o roubo. Ateus militantes mais uma vez demonstrando sua ignorância, pra variar!